Se eu fosse Deus,
Acreditem que…
Não estaria aqui agora na terra,
Sentir-me-ia envergonhado,
Por nada ter feito,
Por nada ter evitado,
Limitei-me a comtemplar,
E deixar isto chegar,
Ao ponto a que chegou.
Se eu fosse rei,
Não estaria aqui agora no meio de plebeus,
Que prestam vassalagem,
Subjugados,
A reis sem nome,
Gente descrente,
Gente bem engalanada,
Gente que já não engana,
Nem a própria sombra,
Gente com dentes de ouro,
Que não lhes serve para nada,
De gente…
Que nunca terá entrada no meu reino,
Pois aqui,
A maldade é proibida.
A maldade,
Essa…
Fica de fora,
Mais com quem a tem.
O cheiro de sofrimento,
Que vem no pó das areias,
É o claro sinal,
De que na terra prolifera o mal.
Tornou-se claro,
O teu eco que vem nas ondas do mar.
Mas que posso eu fazer mulher?
Já não sou omnipotente,
Já não sou rei,
Deste deserto tão grande como o teu sofrimento.
Se eu fosse Deus,
Há muito que terias a teu lado,
O teu menino,
Agora homem,
Perdido em direção
Quem sabe
A que destino.
Vai Mulher!
Procura o teu filho,
Nas cinzas que restam.
Trouxeste-o ao mundo,
Não foi para matar homens,
Nem para ser morto pelos homens!
Grita,
O teu clamor,
Grita com toda a força,
A tua dor,
Faz como que as tuas lágrimas
Afoguem as desgraças do mundo.
Vai mãe,
Grita,
O teu lamento,
Grita ao eco,
Para que ele,
Nunca perca o seu vigor.
Para que ele,
Nunca,
Pare de replicar a tua voz,
E fazê-la chegar até aos confins do universo.
Vai mãe,
Grita…
Grita com toda a força,
Do âmago das tuas entranhas
Onde a dor da tua voz é mais forte
Onde a tua dor,
É muito mais profunda,
Do que quando o trouxeste ao mundo,
De quando o deste a vida.
Vai…
Grita,
Até ficares sem voz,
Pode ser que assim alguém te ouça,
Na tua prece o teu lamento,
E traga o teu menino homem de volta.
Vai mãe grita,
Grita,
Até que os mortos se levantem,
Até que a humanidade te ouça,
Até que a humanidade se torne,
Mais humana.
Vai mãe,
Procura o sangue do teu sangue,
A carne da tua carne,
E fá-lo regressar ao teu regaço.
Agora que o encontraste,
Verás que há nele,
Um novo alento,
Uma nova vida,
Ele…
Agora,
É um Anjo da Paz.
Diogo Cosmo ∞
16:21 19-02-2025
Continuarei resiliente, enquanto tiver forças irei continuar a publicar para que nada se perca
Este trabalho é dedicado a todas as mulheres do mundo que perderam um filho.