Se o piano hoje pudesse falar
Ele recitaria sua única vontade
Faria um poema mas só metade
A outra sopraria em outro lugar
As notas trazem um olhar um mistério
Cada toque cria atalhos uma lembrança
Talvez um sonho uma nova esperança
Um segundo entre sorrir e um rosto sério
O lamento doce do piano é sentido por um sax
Gerando tsunamis sangue golpeando o coração
As palavras escapam versos se espalham pelo chão
A face endurecida na maresia da alma se liquefaz
E essas lágrimas aos poucos redesenham quem você é
Importa apenas aprender a se levantar e a velha arte
De escrever cria uma foz por onde fluem desse baluarte
As rimas que o piano recita sem dizer uma palavra sequer
Deus abençoe os que fazem da arte sua linguagem
Se ela atingiu ao menos um coração já valeu
Mesmo que seja apenas o seu....
Carlos Correa