Não tenho como antever o futuro
Tão pouco me interessa antecipá-lo
Viver com medo da morte
Não é por certo solução
Quem sabe, ainda demora?
Vai bater a outro lado
Não quero viver de lembranças
Muito menos de saudades
Não guardo ódio, nem rancor
Nem choro pelo leite derramado
Tudo tem o seu propósito
Que às vezes não entendemos
Porque nos sai do controle
A gestão dos sentimentos?
Afinal é com a dor
Que aprendemos e crescemos
Ando fugida de mim
Não me dou mais importância
Como se as forças me faltassem
E os ventos sem permissão
as levassem para bem longe
O ego já não me domina
Não trago a alma vazia
Vivo o agora, a cada dia
Sou grata por existir
Tudo o mais, ainda é bónus.
Fernanda Esteves
Setúbal