Quando eu morrer meu filho toca boa música no coreto da praça central e manda declamar meus textos para que o povo conheça e aprecie minha obra no total. Lança purpurinas aos céus e não te esqueças de juntar bailarinas em vestes finas e véus. Promove encontros de poesia com minhas prosas a dar mote para mais criações e propaga pelo Mundo as minhas citações. Quando eu morrer filhote poderás acreditar que voltarei para te acompanhar os passos, ver-te ter sucesso na vida e criar em aço novos laços. Porque de uma coisa podes estar certo voltarei. Voltarei para receber o que não me entregaram nesta vida e que será crédito que resgatarei na próxima sem erros, sem omissões, e com imenso rédito. Quando eu já cá não esteja filho querido, ergue-me uma estátua no jardim que regue tuas plantinhas gota a gota e te faça lembrar os tempos em que semeávamos juntos, ainda eras tu uma criança marota. Quando me for meu amor, não me chores e não te esqueças de colocar no repertório da boa música aquelas que mais alegria te tragam e que do melhor de mim te recordem, porque eu, podes estar certo, estarei a acariciar-te o cabelo e a relembrar os melhores momentos em que estivemos tão perto.
ILia Mar