Poemas : 

O Ónus da Ignição

 
Tags:  Escuridão  
 


não bastassem as nuvens densas
ainda lhe espremeu um aguaceiro
e enquanto enxugava o chão
enchia os bolsos com folhas dobradas
antes, havia vento a soprar nas telhas
mas não aguentou o tempo de sem ar

tinha pulmões de encher por dentro
e respirava para fora
queria tanto ser a boca que desenrola
mas a língua foi-se de camaleão embora
e disse-lhe um adeus de cordel guia
caverna adentro

procurou a lanterna
aprumou o pavio
e até hoje guarda o querosene
na esperança de descobrir o fogo


13-02-2025


 
Autor
AlexandreCosta
 
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Enviado por Tópico
debypinto
Publicado: 15/02/2025 14:40  Atualizado: 15/02/2025 14:40
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 Re: O Ónus da Ignição
Um poema denso e belíssimo, que transforma a luta e a espera em imagens poéticas marcantes. A metáfora da lanterna e do querosene guarda uma força incrível: a esperança não se apaga, ela apenas aguarda o momento certo para incendiar a escuridão. Maravilhoso!