Sacudi de mim as borboletas
Elas deixam-me tonta
Sem ter para onde fugir
Presa em círculos de ilusão
A paleta de cores brilhantes
Fere-me a vista
Mas, enfeitiça-me
Sei que não lhes posso resistir
Aproximam-se agora
Trazem-me recados
De entes queridos desencarnados
Que estão aí por todo o lado
Não os vejo, não os ouço
Mas, perpassam-me
E arrepio-me
Fico com pêlos de galinha
Quando o coração acelera
E o suor me gela as mãos
De novo, as borboletas
Preferia não as sentir
Às voltas no meu estômago
Não acredito em clichês
Um dia, ainda me liberto
do peso desse desconforto.
Fernanda Esteves
Setúbal
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