Por onde andaste tu,
Minha alma quase gémea,
Alma sofrida já à nascença.
Não te queriam dar o direito à vida,
Por meras futilidades,
É isso mesmo,
Minha querida,
A humanidade perde-se nas futilidades.
Tornaram-te,
Revoltada,
Amarga,
Desconfiada.
Minha querida,
Ambos temos as mesmas perdas,
Embora de formas,
Bem diferentes.
Por onde andavas tu,
Minha alma quase gémea,
Quando o meu sofrimento começou?
Ah …
Pois é …
Minha querida…
Ainda não tinhas nascido!
Porém…
Já és tão errante como eu,
Num mundo que não é o nosso,
Perguntamos um ao outro,
Com os olhos marejados de lágrimas,
Qual é o nosso destino.
Seja ele qual for,
Só queremos que seja,
Para onde não haja sofrimento.
Queremos um novo alento,
Ainda que seja ao sabor do vento.
Nada nos fará parar,
Iremos de mão dada,
Unidos pelo que somos,
Somos tudo,
E nada… seremos,
Um sem o outro,
Continuaremos incompletos,
Condenados,
A vaguear pelo universo,
Como se fosse um deserto.
Amiga alada,
Vai e abre as tuas asas,
E voa,
Voa sem parar,
Para onde bem quiseres,
Voa para qualquer lado do mundo,
Até te não teres forças para mais,
Se tal for necessário.
Mas nunca te esqueças,
Deste porto seguro,
Aqui me encontrarás,
Sempre disponível,
Para te ouvir,
Para te acarinhar,
Para te proteger,
Dar-te-ei o tempo necessário,
Para lamberes as tuas feridas,
E sará-las em segurança,
Até conseguires,
voar outra vez.
Obrigado,
Amiga,
Por me teres deixado,
Entrar no teu mundo,
Aquele tão profundo,
Que só tem acesso,
Quem nós deixamos.
Foi aí que te vi,
Tal como és,
Venerável …
Frágil …
Como a mais bela,
A mais vistosa,
De todas porcelanas,
Que corre o risco constante,
De se quebrar em mil pedaços.
Se sopesarmos o nosso sofrimento,
Seremos ambos,
Perdedores e vencedores.
A tua mágoa junta com a minha,
Dava para construir,
Um monumento à eternidade.
Mas nada disto nos traz a saudade,
Minha querida,
Do que verdadeiramente sentimos na pele,
A indiferença do sofrimento,
Que nos dilacera a alma,
A cada dia que passa.
Somos meros passageiros do tempo,
Será que sairemos juntos,
Ou um de cada vez?
Só o tempo…
Nos dirá,
Se chegamos,
Ao mesmo tempo.
Diogo Cosmo ∞
Com a Kelly Couto no aeroporto
01:31 21-07-2024