Ontem,
Senti-me como um náufrago.
Totalmente à deriva,
Perdido na imensidão do nevoeiro.
Aqueles rasgos de luz,
Eram apenas uma grande ilusão.
Mal eu sabia,
Que a verdadeira tormenta,
Estava para começar,
E entrei nestas águas maledicentes
Que me tentavam arrastar,
Para o fundo da ignomínia,
Da falsidade,
Para onde a amizade
Tem outro nome.
É onde,
Os acéfalos espreitam,
A cada esquina cinicamente,
Esperando pela nossa desistência,
Pela nossa derrota…
Bem podem esperar!
Estou desesperado,
Quase não aguento,
Tanta falsidade junta,
Continuo a resistir.
Mas…
Aos poucos,
Sinto-me afundar,
Num ato de desespero,
Estendo a minha mão,
Tentando agarrar-me esse nenúfar,
Que passa à deriva,
Ao sabor do vento,
Mas ele tal como eu,
Também anda perdido nesta imensidão.
Por instantes dá-me a sua mão,
Mas eu rapidamente a largo,
Para que ele não se afunde,
Também comigo na escuridão,
Da noite sem fim.
Obrigado,
Nenúfar,
Irmão na desgraça,
Mas não,
Não quero que te afundes comigo,
Vai e respira,
Mais que não seja pelos dois.
Estou perdido na imensidão do mar,
Sem rumo, em pleno desnorte,
Sigo apenas,
Esse melódico apelo,
Vindo bem fundo,
Do meu sonho.
Por enquanto,
Pouco ou quase nada me perturba,
Estou tão sereno
Tão sereno,
Que no meu rosto,
Certamente vê o esboço,
Dum leve sorriso,
Que nem o Rembrandt,
Michelangelo ou mesmo Caravaggio,
O fariam tão sereno.
Eis-me aqui,
Como se esperasse,
A morte a qualquer momento.
Ainda não me deixei vencer,
E espero nunca me deixar vencer,
Por esse caminho do facilitismo,
Que outros recorrem,
todos os dias,
das suas medíocres vidas!
Eu poderia seguir esse caminho,
Mas para chegar que destino?
Ao caminho do facilitismo,
Não, mas esse nunca,
Muito obrigado.
Diogo Cosmo ∞
10-05-2024
Aeroporto Lisboa