Há um instante em que tudo pesa, o corpo rende-se, a alma vacila, e o coração pergunta:
E agora?
Fiz tudo o que estava ao meu alcance, dei o meu melhor, atravessei as tempestades com coragem, mas há agora um cansaço que se infiltra, um silêncio que me faz questionar até onde posso ir, e sinto-me perdida, será que consigo encontrar o caminho de volta?
É nesse momento que sinto o chão ceder sob os meus pés. O impulso de continuar esgota-se e percebo que também preciso de amparo, e agora?
Mas e se esse amparo não chegar, não vier de fora?
E se a ajuda que tanto necessito estiver adormecida em mim?
É então, que me começo a aperceber, que algo se move no meu íntimo, uma força envolvente irrompe, quase imperceptível, e começa a emergir, ela sussurra palavras consoladoras, não se impõe, apenas se revela com sussurros inexprimíveis, ela esteve sempre ali à espera que me voltasse para ela, a força inabalável e constante do Espírito Santo de Deus.
Descubro então que havia em mim um cansaço tal, que não me deixava ver a minha reserva secreta de vida, um espaço de refúgio onde a minha alma sempre repousa e reencontra o seu equilíbrio.
Quando tudo parece ruir, essa força misteriosa lembra-me que me posso erguer, não pelo esforço da minha resistência, mas pelo reconhecimento da minha própria vulnerabilidade e estão apercebo-me de que não estou só.
Como a águia que, ao sentir as suas asas enfraquecerem se recolhe para renovar as suas forças, também eu aprendo a pausar, descanso, respiro, e, no tempo certo, volto a abrir as minhas asas e percebo que posso voar mais alto do que imaginava nas asas do Espírito.
Talvez a verdadeira força não esteja em nunca me esgotar, mas em saber que, mesmo quando tudo parece finito, existe o sopro do Espírito Santo, sempre à minha espera, para me fazer renascer.
Sempre.
Alice Vaz de Barros
Alice Vaz De Barros