Onde eu pinto o meu e digo que é o seu retrato
Dois mais dois não é igual a quatro.
As operações dessa matemática
Desdobram-se numa sacola elástica.
Tudo cabe na sacola que enrola.
Tudo cola na vida que vigora
No barzinho da dona Aurora.
Os valores vivem de esmola.
Deita e rola o menino dono da bola,
Joga falso e fato num balaio
E a distinção depende de um ensaio.
O fato está fora da barriga.
O falso está em tudo, está na briga.
O fato virou comida.
A ração expulsa a razão da avenida.
A vergonha está em seu fim de vida
No barzinho da dona Aurora.
O fato está à venda.
Na prateleira, o fato atende à encomenda.
A barriga está rasgada, as vísceras estão expostas.
O ar está cheirando mal no barzinho da dona Aurora.