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Um baile de rua de figuras de estilo,....

 
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Soube que ele estava a escrever um livro. Contaram-me, mas ninguém parecia saber qual seria o final do mesmo. Sabia-se que havia duas mãos sobre o manuscrito. Ele recusava vender-se a auxiliares mecânicos da ligação cérebro-membros humanos. E que gostava de escrever à noite. Quando a lua esticava os braços, e o sol deslizava pelos rebordos do mundo, para ir mostrar o seu rosto no outro lado da existência.
Gostava do escuro. A profundidade da descrição das personagens, tornava-se assim mais intensa. Mais fantasmagórica. E com números claros de desilusão, plasmados nos respetivos rostos. Ele era isso: um autor de desilusões. E secreto. As pessoas que o conheciam, dedicavam-se a uma observação casual, mas atenta. Eu incluído.
Decompunham-se os seus gestos de rotina; quando saía de casa, e descia a rua para o primeiro café da manhã. Quando voltava já ao entardecer, cabisbaixo, com cuidado para evitar os desníveis do terreno da zona velha da cidade onde escolhera morar. Imaginei, pessoalmente, se isso constaria do enredo. Pensei em mulheres anódinas, conciliadoras, que viviam para a família, mas em segredo alimentavam desvarios que só elas próprias saberiam descrever. E ele era pessoa para captar isso, e descrever em figuras de estilo. Um baile de rua de figuras de estilo, atraentes e atrativas

 
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beijadordeflores
 
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