Vejo-te a consertar óculos partidos.
Um suspiro escapa-te dos dedos,
como quem fala com o invisível.
O gesto subtil carrega a fé nos teus olhos,
o peso de algo que não se pode nomear.
Cruzas as pernas como um verso esquecido.
Cada curva do teu ser desenha uma nota
num silêncio que nos observa.
O olhar dispensa perguntas.
A presença basta.
As respostas flutuam,
grãos de luz suspensos entre nós.
Há coisas que não se explicam,
apenas se sentem.
Saudade de algo que sempre existiu,
uma ausência tão intacta
que a alma reconhece antes de nomeá-la.
O vazio pulsa na pausa dos gestos,
tempo suspenso, prestes a tombar.
Os desníveis da tua sombra movem-se devagar.
As pedras colecionadas sustentam passos,
os que avançam, os que se perdem,
os que nunca partiram.
Uma luz ténue atravessa o espaço.
Tons de âmbar tingem o chão.
As paredes respiram.
A sala oscila ligeiramente,
como se escutasse o próprio silêncio,
como se soubesse que nunca existiu.
O silêncio tece diálogos intermináveis.
As pedras não são apenas chão –
são vestígios de histórias,
raízes espalhadas pela ausência.
Entre o gesto e a pausa,
o tempo dobra-se sobre si mesmo.
A música repousa
na borda do que somos.
Bem-vindos ao meu refúgio, onde desvendo os mistérios da mente humana através da neurociência e da arte da palavra. Sou uma simples pessoa que, nas horas vagas, se torna escritora, explorando o mundo através da observação. Amante das artes e da diversi...