Dessas costas viradas para o muro
Os teus olhos nos olhos com a bala
Aí feridos com impropérios políticos
Sussurrados por um passo inseguro
Que tão vil sestra a destra se inala
E se entulhava de verbos patéticos
A morte fria tremeu-lhe nas mãos
Algemadas na sua última vontade
Medo escorrido sem dó nas veias
A chorar os tantos sonhos órfãos
A cravar-lhe no corpo atroz idade
O néscio ser sem paredes meias
A vida nua escondida no nevoeiro
Desenhada numa sombra sinistra
De sabor breve a velha vingança
Lembrava-lhe a dor de prisioneiro
Tatuada na cela por mão claustra
A cruz pregada na carne já rança
A ausência das letras no silêncio
Na harmonia das orquestras vãs
E dessas só barulho sem música
Faz de brinde cadáver o prefácio
Dos aplausos existências malsãs
E do poeta poema e poesia tísica
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma