Depois que meus passos caminharem para o crepúsculo
Sonhos cairão mortos na sua inutilidade de longos dias
Minha devoção frustrada exporá sua súbita cor sombria
Rios suspensos flutuarão no céu cinzento rumo ao oeste
Relâmpagos brilharão tal insólitos nenúfares transitórios
Quando partiu a alegria com que outrora me banhava
Meu coração retransido pela dor, não mais pulsou igual
Guardei no peito a incandescência de vulcão reprimido
Teu nome que não pronuncio, ainda retumba ao vento
Ecoando na minha voz que um dia tentou te encontrar
Teus lábios celestiais diluíram-se em espumas imemoriais
Destroços da loucura de nos amarmos até o naufrágio
Mas o tempo devolverá a agitação do mar à minha porta
E uma sensação azul entre meus dedos, beirando sorriso
A aurora me despertará no espírito um lume impetuoso
Tal chama fugaz que traga seus fachos a iluminar bosques
Vou deixar que estrelas brilhem eternas nos meus olhos
Cruzar mares e desertos, não mais assaltado por trevas
E o verso desvendar enigmas de paixão, no mel inocente
Com os quais, singelamente, o amor os seus favos fabrica