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E a música dos passos curtos

 
Tags:  poesia    reflexão    surreal  
 
E a música dos passos curtos
 
A propósito,

Foram-se aquelas horas mortas,...



O tal tempo de desespero,

Sem cor e sem peso,

Que antes de deitarmos fora costuma sentar-se connosco à mesa,...



A querer saber da verdade mentirosa,

Que é a imagem de marca das nossas vidas,...



Ficaram a inocência,

A prisão das vozes entre os gestos encardidos e sem idade,

Que são os únicos que resistem,

E a música dos passos curtos,...



A mesma que bate com insistência nas janelas de toda a casa,

Sempre que é fim de dia sem que nos apercebamos



Poema escrito no dia da morte do escritor Paul Auster, um dos meus preferidos
 
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beijadordeflores
 
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Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 19/01/2025 11:35  Atualizado: 19/01/2025 11:35
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 Re: E a música dos passos curtos p/ beijadordeflores
A delicadeza de uma valsa, no caso adornada de uma rosa-negra, é frágil, mas inquebrável, tem sabor acre, mas provoca nos mais incautos a sensação de pureza.
Os gestos encardidos e sem idade elevam a leitura a um patamar quase inatingível, a uma dimensão em que tudo é mecanizado, repetitivo e pouco humano, talvez, cada vez mais, o nosso futuro. Assim como a ténue alusão à morte, logo a início, tempo de desespero, Sem cor e sem peso, que permite ao poema flutuar entre imaginação e realidade.