Poemas : 

Para gillesdeferre (73ª Poesia de um Canalha)

 
Sou erva daninha que te suga a terra
E dos olhos a cor do olhar sem verbo
Deixado ao acaso numa vida perdida
A vala comum que os sonhos enterra
E envolve num abraço de ar soberbo
Sábios peitos sedentos desta dúvida

És do pó que te nasce e depois mata
Que ninguém foi ou de alguém seria
Vento estranho que m'embala e leva
A estrada feita numa palavra intacta
Com outro fim que não lhe pertencia
Ser e não ser das noites louca treva

É o dia para lhe sentires uma noite só
Hora após hora a pedaços de emoção
Que estridentes te gritam da saudade
Dessa dor negra que se denta sem dó
Reparte a múltiplos de dois o coração
E assassina dura e insensível vaidade

Somos somas de indiferente diferença
Multiplicadores de uma infinita divisão
Incógnitas em diferencial de cossenos
Variável d'hipotenusa oclusa e intensa
O cálculo infinitesimal decifrado à mão
A navegar veias de genéticos oceanos

Sois sóis foscos que saciam cegueiras
Pedras que descalçam o chão aos pés
Punhado de alva sombra lacrimejante
Distante de minhas fatais sementeiras
E dessa crença adornada de falsas fés
Que se consome no homem ignorante

São fracos os braços que me apertam
Num abraçado desejo que sejam teus
A compasso de passo cheguem a mim
São duras as idas qu'aqui se acercam
Mínguo tal olhar que tens do teu deus
Letra oca que definhas na boca assim


A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma

 
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Alemtagus
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