Soava ao fundo a carmen de bizet em sustenido
Numa voz adulta e colorida de harmonia singular
Suave como uma pétala de flor brava e inocente
O olhar era pérola asperamente polido e dormido
Entrelaçado de cetins e perfume raro por cheirar
Na primeira luz do dia inflado de povo sorridente
Um ravel pintava cubano bolero de doce charuto
Por outro che de gente fiel ia pobre igual tristeza
No mundo sem números que navega naufragado
Um medo borbulhava nas veias deste chão bruto
Com dois apertos de meio abraço duma tal rijeza
E tanto coração ferido desse orgulho cego e irado
Estas cordas lamentadas pelo silêncio dos dedos
Trinadas sem fado que lhe saboreasse já amanhã
O beijo d'uns fêmeos lábios da sua noite amante
Dormem ali deitadas em maternos regaços ledos
E nas ondas esquecidas em mar dessa morte cã
De um homem velho no tempo gasto e ofegante
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma