Que encontre uma intimidade muito grande
Com as paredes que te encarceram,
Tendo a alma a sensível percepção
Que a companhia humana
Não é indispensável!
Não achar grande a justiça
De fazer o futuro indulgente
Com o presente sacrificado
Em sua homenagem!
Procurar o prazer
Em tudo que te chegue
Sem vínculos temporais.
Que encontres uma religião
Que seja só tua,
E que viceje fora dos templos,
Para que nunca precises dividir
Para o teu prazer ou sofrimento
Tuas glórias e infortúnios!
Aguça teus ouvidos
Para que te chegue em prazer,
O bocejar desinteressado
Das manhãs ensolaradas de inverno
Ou talvez a música celestial
Dos prados enluarados,
Onde os cavalos alardeiam
Despudoradamente seu amor!
Que a tristeza te domine
No mais recôndito da alma
E a alegria,
Traga um colorido irreal
No mais modesto dos sonhos realizados!
Que te prepares para encontrar alguém
Com quem possas ficar ridículo, estúpido.
E que fale serenamente
Dos desejos proibidos,
E sem timidez te chame de amigo.
Encontres o amor
Numa praia deserta,
Onde um sol rubro e sonolento,
Seja o confidente divino
Do mais profuso e satânico orgasmo!
Achado aquilo para
Dedicar à vida,
Não receies entregar
Teu corpo e tua alma.
Mas, se um dia não existir
Mais este motivo,
Sorri de tua estupidez
E ache outra razão para viver e morrer.
Sempre encontres tempo
Para que o vento te espante os cabelos
E te acaricie o rosto,
E que isto te traga
A sensação de eternidade!