Haverá
talvez
uma camada de real onde ninguém chega e da qual temos lapsos, estranhezas, perplexidades.
Não sei se é bom ou mau. Duvido mesmo que existam tais categorias.
o mundo some-se enquanto o encerramos em sistemas de pensamento.
as ideias vivem como animais selvagens em jaulas.
a lógica tudo reduz
às temíveis mecânicas do seu raciocínio.
como engates num mecanismo mais que aguarda a arrumação dos problemas.
há sempre um desajeitado que estraga tudo. Deixa ficar mal. Não regula.
a razão não quer saber dos primórdios.
que interessa o homem pré-histórico que escuta
perscruta
a noite escura e seus mistérios.
para a razão, o dia esclarecerá todos os mistérios.
o medo desaparece.
os sons parecem familiares como televisões apresentando concursos.
os poetas da noite devaneiam segredos, agitam as águas dos pressentimentos.
nada mais
os poetas da noite amam o enigma. desvelá-lo seria uma traição.
a noite surge com a sua voz de vento, cantando suavemente numa língua antiga indecifrável.
os poetas são druidas. evocam e transformam.
nessa alquimia alguns desaparecem levados pelo fascínio dos braços metafísicos que palpam.