considerar o medo sólido e palpável,
uma bola de futebol,
que defendo todas as noites com uma intervenção segura embora pouco vistosa.
o rio corre para o mar para salvação de frei João sem cuidados.
de manhã, café com leite e torradas da avó para ter uma ideia da alegria dos pobres.
o cheiro a café e a inusitada voz da senhora que vende galinhas.
diziam que a filha.
a filha da galinheira não era Guarda-Redes mas não conhecia o medo.
cheirava a café e medronhos.
cheirava a vontade e planícies.
era senhora de um castelo.
quando sorria eu acreditava no pai natal.
princesa de diamante num cesto de galinhas para degolar.
por vezes cheirava a sangue
por vezes soavam os sinos na igreja com medo
por vezes era vista nas traseiras de uma casa velha onde mulheres nervosas
o cheiro de café no fundo do corredor ressoando nas paredes húmidas gemidos e toalhas mal lavadas.