Prosas Poéticas : 

Chamamento

 
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O amor moldava-lhe as palavras, a ponto de a desilusão se sobrepor à vontade de partilha. De conforto. Ele era agora uma pessoa adaptada ao que a vida lhe trazia. Os cheiros das novidades. A falta de expetativa de dias sempre iguais. Mas naquele momento, enquanto de soslaio olhava para o ponteiro dos segundos a acabar de dar mais uma volta completa, queria-a junto de si. Acomodada, sem que as palavras servissem para empatar o que fosse. Apenas ali. E ele iria encarregar-se de adaptar o seu corpo à situação. Escrever-lhe palavras de amor invisíveis, com a certeza de que seriam lidas pelos olhos pequeninos de quem ali estava. Pedir ao tempo que fugisse daquele cenário idílico, e deixasse que fosse o espaço, as contingências de odor, de cor, a dominar o que advisse daqueles momentos inexplicáveis por si só. Com a certeza de que agora, dedilhava desta forma numa folha branca, por só saber escrever sobre amor, sobre desilusões de amor, sobre a cor do amor. Mas queria-a ali. E voltou-lhe a pedir que se aproximasse....

 
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beijadordeflores
 
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