VAREJEIRAS
Como aquele que tem-de espantar moscas
Dos sonhos na vitrina do padeiro,
Eu vasculho meu sono o tempo inteiro
Contra rostos sombrios e auras foscas.
Era depois do jogo de biroscas
Pelas tardes da infância, no terreiro,
Quando em desencanto costumeiro
Eu via varejeiras sobre roscas…
Sim, elas vêm e vão… Sujam a fundo!
Assisto, entre impotente e resignado,
O sonho desejado agora imundo.
Do mesmo modo o sono deleitado
Perde-se na vigília que aprofundo
Às voltas co’os senões de todo o Fado.
Betim - 15 11 2024
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.