Dedos dobrados como duas garras,
Eu, vejo elas se aproximarem
Até os lábios com duas serras.
Os vastos resíduos, que aderem
À minha boca o gosto do dia,
Se misturam, onde estiverem.
Neste ato cheio de pura ânsia,
Minha bolsa de carne é ferida,
Uma consequência da teimosia.
E com uma inocente mordida,
Engoli a sujeira da cachorra,
O sebo da espinha espremida,
Coliformes fecais da minha tela,
Suor seco da mão comprometida,
As comidas que ficaram no ralo,
Catarro retirado da narina,
O sangue e pus de uma ferida…
Bem, eu deveria ter escutado
Um simples aviso da minha mãe:
“Psiu! Tira a mão da boca, menino!”