Tais sombras poetas do teu maravilhoso olhar
Agrilhoadas em tal voz traída que as declama
E derrama na minha que só te beija em verso
São o sangue escorrido pelas veias deste mar
Do bater de asas, vento que embala e chama
O teu sabor breve de nós dois neste universo
A faca insistente a afiar a vida já perto do fim
Adormece de gume em riste, no tempo, sorte
De quem viu e leu que não és mais amor meu
De mãos dadas fado a fado em nós, só assim
A entrelaçar-se dia a dia nos passos da morte
A passear-se no deserto que o mundo me deu
A manhã acordou com os primeiros raios de ti
Rebolava como uma doida em lençóis de cetim
Abraçou-se entre os beijos do seu peito tão só
Esquecida que de nós dois só eu não a percebi
Que a outra metade nunca seria parte de mim
Amanhã foi sempre demasiado tarde, sem dó
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma