Dói-me tanto chão ensanguentado de Jerusalém
Tingido pela hipocrisia dos profetas da desgraça
Dói-me o céu negro que leva nas asas Damasco
E lhe vende pobres almas tão longe e mais além
Dói-me cada ruína de Kiev que morta me abraça
A chorar o dia de amanhã nas mãos do carrasco
Todas as pedras carregam em si um último olhar
A marca de uma bala que nos roubava um irmão
O corvejar mórbido que embala tamanha loucura
Todas as pedras se perdem no silêncio deste mar
Num prazer de perdição que se gritou em oração
No tão triste amor desumano que morto perdura
Dói-me ser esta gente a matar gente indiferente
De mãos ocas e abertas, sós sem mais ninguém
Sem o destino do caminho que me leva tão leve
Dói-me estares aí e eu ser a dor assim de gente
De este peito sem coração e aberto para alguém
Sem horizonte aonde chegue e que leve me leve
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma