O amor não força estatuto; corre livre
como água desembocando no regaço
de um rio: seu amante que ora aí vive
para acolher o mais derradeiro enlaço
Todo o amor que é sincero sobrevive
ao desamor dos outros, vil embaraço
de quem augura maldade, no declive
de sua doença, misantropia, e baraço
Só quem ama, e chama a si liberdade
saberá o quanto encerra, de verdade
o amor, que o outro guarda, em chão
e viço: como a semente, que florindo
trouxesse-nos sempre, aqui sorrindo
alegrando, destemido, dúctil coração
Jorge Humberto
15/05/08