Oh mãe africana!
Em teu pano de capulana,
Cabem todas as dores do mundo:
Dor de nada ter
Pra dar
Dor do querer ter
E nada ter
Dor em ver teu nené
Dormir sem fuba quente
Dor de parto
Em tua barriga de fome
Dor em ver teu nené partir
Antes do tempo,
Pra lá das terras de ninguém,
Dor na dor
Que não tem cura
Dor que no tempo dura.
Mamã africana,
Em teu regaço de mãe,
Desfilam dores que
Um dia, Deus aliviará,
E teus rebentos serão frutos
De alegria e felicidade,
Daí...
Jamais correrão lágrimas
No silêncio da noite
Jamais ouvirás o cochichar
Das barrigas de fome
Jamais preocuparás
Com o querer ter...
Terás todo o ter e o querer
Ao teu lado, na graça
Do Senhor, teu Salvador.
Adelino Gomes-nhaca