organização da semana:
apelo ao não desleixo usando cartaz à frente e atrás;
contornar as sombras espessas
e cantar fingindo que não é nada comigo;
pedir umas asas emprestadas
e sobrevoar o céu como fosse rena;
rezar uma missa às chaminés, celebrada pelos bispos do silêncio;
conferir o ditado à caça de erros crassos e castigar veementemente o prevaricador;
substituir as peças às palavras para ser água
(e olhar como a luz nos cristais desmembrando-se em cascata);
pagar a conta do gás com a delicadeza dos palhaços distraídos;
ler um poema de olhos castanhos, calmos como as planícies demoradas do sul;
pedir um café e esquecê-lo a meio, porque juro que vi passar do outro lado da rua a dália negra;
comprar tabaco para encher o cachimbo da paz e afinar a voz para cantar o amor em vão;
perseverar no ser como Espinosa;
ouvir as manhãs a nascer junto das árvores que escaparam à burocracia;
comprar arroz sul-americano que está em promoção no catálogo.