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Lisboa a salto

 
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Rua do ouro,
Setenta e dois,

Junto à árvore morta,

À entrada do talho,

Um livro perdido aberto na página rasgada,

Com um homem desorientado a fixar as letras,

Está muito vento,

Ninguém se apercebe do tempo envolvido em jornais,

Rebolando pelas ruas como um cavalo sem freio,

E sem dono,...



A possibilidade de redenção é um cenário aparente,

Mas perde força,...



Rua do ouro,

Cem,

Morreu uma mulher sozinha,

Chorou em seco anos a fio,

Até o ar se esvaziar,

Como um balão que perde o contorno,

E desmaia gradualmente

 
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beijadordeflores
 
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Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 15/12/2024 11:02  Atualizado: 15/12/2024 11:02
Membro de honra
Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3450
 Re: Lisboa a salto p/ beijadordeflores
O meu aplauso...

A descrição destes talvez cem metros da Rua do Ouro é, pura e simplesmente, soberba.
O poema em si, bem esticado, dava um livro (não apenas pela página em falta, rasgada, desse que fazia do seu leito a árvore já sem vida que olhava para dentro do talho, a contar-lhe os clientes, e que esvoaçava ao vento sem tirar os olhos dos olhos do leitor).

Chorou em seco anos a fio

O abandono, a velhice. Quantos anos tem a sua História, quantos filhos e netos a podem contar. É este o milagre da escrita, fazer-nos ler livros a partir de um simples poema, ou de um poema simples.

Agradeço-te


Enviado por Tópico
AlexandreCosta
Publicado: 16/12/2024 10:12  Atualizado: 16/12/2024 10:12
Da casa!
Usuário desde: 06/05/2024
Localidade: Braga
Mensagens: 457
 Re: Lisboa a salto
rua Luso Poemas
o beijador
colhe flores
em uma outra rua
de números a desvanecer

:)