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Rogério Beça | Publicado: 22/12/2024 14:48 Atualizado: 25/12/2024 11:51 |
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![]() Quanto mais curtos melhores, deixem-me pensar.
Primeiro, devido ao título. Ou seja, na palavra “...domésticas”, que me leva sempre a associar a alguma monotonia. Quase o inverso de curiosidade. O que é de casa, muitas vezes se torna previsível. Quase podem adivinhar o que pensamos, como reagimos. As “Curiosidades...” são, um pouco, a ausência dessa previsibilidade. Como se o título se contradissesse. Sobre este ponto de vista. Ou o poema pretende mesmo debater essa ideia feita, e se se considere que é necessário para o ambiente doméstico cultivar-se a curiosidade. Que a curiosidade é algo próprio do indivíduo, que todos devemos procurar. Ainda mais dentro da casa de cada um. O ser-se doméstico é um desafio, embora seja tradicional e o modo mais usado ainda no mundo. Os divórcios têm, por exemplo, vindo a ser cada vez mais comuns. Existem muitos aliciantes para ser-se menos doméstico. Passamos mais tempo no trabalho e a caminho do trabalho do que no lar. Restaurantes, retiros, workshops. Só somos caseiros se quisermos. O titulo parece, de certo modo, colocar-nos numa quase-utopia. Um terceto e um dístico de métrica muito curta. A primeira estrofe lê-se dum fôlego só. Literalmente a leitura dos lábios é feita quando há algum tipo de incapacidade de audição. Ou não. Ou apenas porque tem-se a facilidade de entender o que o outro diz, sem o ouvir. Mas o sujeito poético fá-lo dum modo assaz especial, na própria boca. Como se se tratasse de um beijo, ou de reanimação, respiração boca-a-boca. A tradução, tentada, é feita, mas em vez de usar a visão para o fazer, quer-se usar o (con)tacto. A segunda estrofe é um dístico. Métrica curta, também. O sujeito poético define o objectivo dessa leitura. Conhecer algum tipo de saber. Ou de sabor. Como falamos de lábios e de bocas, a cavidade oral está presente nos versos. E a voz associada a essa oralidade. A voz, que é o que lhe interessa saber. E o que ela diz. Mas pode também interessar outros sabores, como o hálito, dos dentes, da língua... Esperamos todos, os que leram o poema, que se venha a saber a mensagem. Resta-me referir que os versos com poucas sílabas, parecem-me trazer aos leitores uma leitura mais súbita e emotiva. Isso é notório do primeiro para o segundo verso, nas duas estrofes, por exemplo. Consigo notar algum erotismo, impossível não o fazer. Consigo entender a curiosidade. Consigo ler a intimidade, que se encontra nas coisas domésticas. |
Enviado por | Tópico |
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Alemtagus | Publicado: 23/12/2024 14:21 Atualizado: 23/12/2024 14:21 |
Membro de honra
![]() ![]() Usuário desde: 24/12/2006
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![]() Se fosse uma carta de Tarot, diria-a "Os Amantes".
Os segredos que se trocam entre lábios por meio de ternos ósculos, a doçura violenta com que se discute o amor, boca a boca quase corpo a corpo. Este pequeno pedaço de grande poema é outro livro, uma história incompleta que se desenrola numa leitura lenta e demorada, soletrada e entranhada na mente leitora. |
Enviado por | Tópico |
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Alemtagus | Publicado: 23/12/2024 14:21 Atualizado: 23/12/2024 14:21 |
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Os segredos que se trocam entre lábios por meio de ternos ósculos, a doçura violenta com que se discute o amor, boca a boca quase corpo a corpo. Este pequeno pedaço de grande poema é outro livro, uma história incompleta que se desenrola numa leitura lenta e demorada, soletrada e entranhada na mente leitora. |