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Discurso ao penhasco

 
Amo que tu não fales, ó penhasco,
Que teu silêncio é vasto, tão profundo,
Como quem guarda em si todo o mundo,
Sem dar ao som a chance de ser fiasco.

Tua mudez tem força de um carrasco,
Que ceifa o ruído vão e moribundo;
E ao vento que te toca, vagabundo,
Só dás o eco, breve e mais opaco.

No teu calar repousa a eternidade,
Pois nele o tempo ousa se esconder,
Sem pressa de avançar na realidade.

E assim me ponho a ti, a agradecer:
Que nunca hajas palavra ou vaidade,
Pois teu silêncio basta para ser.

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

 
Autor
Odairjsilva
 
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Enviado por Tópico
rosafogo
Publicado: 13/12/2024 09:30  Atualizado: 13/12/2024 09:30
Usuário desde: 28/07/2009
Localidade:
Mensagens: 10844
 Re: Discurso ao penhasco
Belo soneto meditativo, o silêncio e a solidão são muitas vezes um abraço que nos traz à alma, algum agasalho.

Li com prazer, obrigado.
Abraço


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 14/12/2024 01:18  Atualizado: 14/12/2024 01:18
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 18658
 Re: Discurso ao penhasco
Um redemoinho com asas. Boa noite