Poesia Maldita
Toda a lassidão permeia o espírito,
É coceira medonha no céu da boca,
E o pensamento se gruda a coisa oca;
O poema não deveria ter sido escrito.
Pois a palavra teria sido endemoniada,
Como sentir os dentes na carne morta,
E o pensamento criar uma poesia torta,
A saliva clamando, grudenta e salgada.
E a mesma boca que brada,
Ao proferir esta poesia celerada.
Gostaria de sentir teu tato
Sobre mantos aveludados de vison;
Nem assim o poema seria fato,
Sem a língua, não haveria som.
É o que resta deste pesadelo,
Apenas um grito de medo ao acordar,
Certo que vivo não poderia estar,
Ao mesmo tempo desnovelar este novelo.
Nem de Deus se aproximar,
Enquanto o poema nunca poderia sê-lo.
Alexandre Montalvan
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