Eu destruí meu mundo
e cavei minha própria sepultura;
em cima de um túmulo imundo
jaz uma pequena escritura.
"Tão jovem e tão acabado,
tão inteligente e tão derrotado."
Fiz escolhas às quais me mudou;
fui para as trevas da minha mente
e todos de mim se afastou.
Me tornei alcoólatra e só,
versos que queimam meu coração,
sobre amor, desilusão e escuridão.
Os dias caem como folhas secas,
cravando farpas na pele do tempo.
O que sobrou não é vida,
mas um eco que se agarra ao vento.
As garrafas, guardiãs do vazio,
segredam promessas que nunca cumprem.
Entre um gole e outro, vejo fantasmas,
rostos que antes eram lume.
No espelho, um estranho espreita;
seus olhos são rios sem margem.
Toco meu rosto, mas é lama,
o peso de minha própria viagem.
E então, na última gota da noite,
onde o silêncio afoga a razão,
uma pergunta se eleva no escuro:
é um fim... ou só ilusão?
Talvez eu esteja apenas sonhando,
mergulhado num coma de fuga,
onde cada verso é um suspiro
e a vida é a pena que me julga.