Bendita seja a brancura,
que veste o vazio de promessas
e faz do nada um campo fértil.
O branco não é ausência,
é espera,
uma fímbria de luz
ensaiando o arco-íris.
Branco é o lençol estendido,
convite para sonhos nunca sonhados,
e o pão, antes do forno,
trazendo no seu alvoroço
o sabor da manhã.
Bendito o branco das paredes
que guardam os vestígios do mundo,
as toalhas que acolhem o vinho,
e os cabelos que o tempo adorna
com paciência de tecelão.
E será também louvada a brancura
do instante que antecede o toque,
da palavra que ainda não nasceu,
mas já carrega o brilho da possibilidade latente,
e da paz que de súbito
nos envolve.