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Um Trágico Romance não Lançado

 
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Um Trágico Romance não Lançado
 

Minha vida é feita de fardos e horas,
dias que sangram, madrugadas que choram.
Entre o trabalho e a sombra que habito,
sou um grito calado num mundo restrito.

O livro que fiz com pedaços de mim
foi traído por quem só pensava no fim.
Royalties roubados, exclusão destruída,
e o que era meu sonho virou despedida.

Não lancei meu livro por medo ou rancor,
mas por saber que arte não é só valor.
uma vida em um manuscrito, agora esquecido,
guarda no peito um amor não vivido.

Vivi a cachorrinha, tão bela, nas linhas desse enredo,
representava um amor que guardo em segredo.
Mas alguém negou o seu lugar,
e assim minha musa precisei apagar.

A irmã da amiga que na escola brilhou,
foi quem sem querer meu coração conquistou.
Tão linda, tão sábia, um anjo discreto,
trabalha em design, num mundo completo.

Mas nunca me viu como eu queria,
sou um velho conhecido de outra poesia.
Talvez por minha idade ou história perdida,
talvez por saber que sou só despedida.

Minha casa é um templo de lembranças quebradas,
o filho da Vivi traz memórias marcadas.
Maik é um reflexo da filha que perdi,
e em seus olhos eu vejo o que já vivi.

Eu chego do trabalho com o peito apertado,
o silêncio é meu único fiel aliado.
Acendo um cigarro, pensando em sumir,
e um medo constante de um adeus que pressenti.

"Ela se foi" em uma ligação — é o meu pesadelo constante,
uma notícia que a qualquer hora é cortante.
Eu não pude vê-la no último adeus,
e isso corrói o que restou dos meus céus.

O livro guardava meu grito de dor,
meu amor por ela e meu novo amor.
Mas eles matou o que era sagrado,
reduziu meu sonho a um eco apagado.

Hoje escrevo esta última poesia,
uma confissão de vida e melancolia.
O que foi minha arte agora é silêncio,
um grito perdido no tempo suspenso.

Minha musa inalcançável, como eu queria,
que lesse em meus versos toda a agonia.
Que soubesse que, mesmo na distância,
meu coração guardou sua constância.

Talvez ela nunca perceba meu olhar,
mas cada poema a busca sem parar.
É um amor que vive, mesmo rejeitado,
ou talvez nem isso — apenas calado.

E assim sigo entre o trabalho e a casa,
fumando memórias enquanto o tempo vaza.
Sonhando com vidas que nunca vivi,
e com tudo que o espelho reflete de mim.

Maik, tão jovem, traz o futuro no rosto,
mas cada traço é também o meu desgosto.
Lembro-me dela, tão cheia de luz,
e o peso da saudade que ainda me conduz.

A musa que amo, que sempre foi minha amiga,
é uma chama distante que em mim ainda abriga.
Mesmo sabendo que nunca será,
escrevo seu nome na névoa que há.

Um livro calado,
uma história de amores e sonhos negados.
Se nunca será lido, ao menos dirão:
foi escrito com alma, com todo o coração.

Essa é a última estrofe, minha última confissão,
um grito de socorro, minha rendição.
Sou um homem quebrado, em pedaços de dor,
mas ainda escrevo, ainda busco amor.


Kaique Nascimento


 
Autor
KaiiqueNascimentto
 
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