Não digo de um mar vazio
onde se cruza o tempo frio das artérias,
prendo nos bolsos a noite,
acendo o sangue quente nos meus dedos
soltos em zumbidos
embalados de sentidos
e de vitórias.
Disperso no vento o cântico agitado,
dor, cobardia,
amargura do cansaço.
Valseio um papagaio rubro
suspenso de andorinhas renovadas,
ébria de azul,
calmo e silente no peito um voo leve,
um trilho de ar que o destino não percebe.