Como um desperdício feito de farrapos
É assim que rola nesta pele
A repugnância ao nível de sapos
A peçonha desta doença cruel
Trago no olhar dias fugidios
Que se me esvaem por entre os dedos
Derramando águas por campos regadios
Plantados de dor sofrimento e medos
Jornadas são carros na estrada do tempo
Que me atropelam diariamente
Estar em baixo é agora um passatempo
Na sabedoria do incapacitante sou fluente
A esperança sarcástica do que já não volta
Convenço-me distante e padeço
Por saber que a dor que anda em mim solta
Dos bons tempos já muito me esqueço
E já mudei tudo deixei todos os prazeres
Em prole da possível melhoria ilusória
E sempre concluo com estes dizeres
A mudança é muita mas evolução não notória
Dornelas, Mini-mesa
António Botelho