Já não saio por saber
Que irei encarar todos noutro mundo
Resignados das suas vidas a temer
A realidade que corre em tom profundo
E então cada um mergulha no seu ecrã
Múmias sentadas à mesa no café
Com as faces iluminadas sem mente sã
Do mundo virtual não arredam pé
Pergunto-me então pra quê
Porque haveria de deixar o meu lar
Sair e olhar para todos à sua mercê
Um socializar estranho e mudo ficar
Já não há intimidade na amizade
Envia-se um reel quando algo se quer dizer
Ficam os bons anos com saudade
Tínhamos tudo e tudo deitamos a perder
Dornelas, Cadeirão
António Botelho