Poemas : 

Ser o vento

 

À tua volta
a inquietação dos espaços em branco

e os teus olhos
frágeis
a desenharem passos
impalpáveis

na geografia azul de manhãs perfeitas.

O chão
dorido e gasto

[ a reclamar o sal
da tua pele ]

chora nos teus lábios
o silêncio das colheitas.

Sangras moinhos de vento

[ em gemidos de invernosa luz ]

e o tempo a resistir
às velas desfraldadas.

E todo o meu gesto
quebrado e lento
a raízes amarrado

[ porém, de culpa isento ]

à espera dos teus braços
em antigo movimento
a erguer-me das cinzas invisíveis
das palavras.

 
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idália
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