À tua volta
a inquietação dos espaços em branco
e os teus olhos
frágeis
a desenharem passos
impalpáveis
na geografia azul de manhãs perfeitas.
O chão
dorido e gasto
[ a reclamar o sal
da tua pele ]
chora nos teus lábios
o silêncio das colheitas.
Sangras moinhos de vento
[ em gemidos de invernosa luz ]
e o tempo a resistir
às velas desfraldadas.
E todo o meu gesto
quebrado e lento
a raízes amarrado
[ porém, de culpa isento ]
à espera dos teus braços
em antigo movimento
a erguer-me das cinzas invisíveis
das palavras.