tristes os olhares curtos
em circuito curto
se da paisagem longa
só veem a ponta do nariz
o que será do mundo que os habita?
tristes os ouvidos surdinados
em claves despautadas
se da música que flutua
só captam os ruídos do mundo que os habita
tristes as mãos enluvadas
em tactos imperceptíveis
se sem o calor que exclama o fogo
só castram o sol do mundo que os habita
tristes as pencas tamponadas
em perfumes desodorados
se sem as flores que reluzem fragrâncias
só desvaporizam o mundo que os habita
tristes as bocas fechadas
em dentes aferroados
se sem línguas que dão sabor à poesia
só emudecem as palavras do mundo que os habita
tristes as cabeças perdidas
sem mundo que as habite
são corpos degolados
em curto-circuito