Nos olhos do poeta há um mundo estranho,
Feito de sonhos e de céu desfeito,
Onde a vida se pinta em tom mais castanho,
E o comum se torna raro, perfeito.
Ele vê o que o vento canta nas praças,
Nas folhas dançando ao redor dos dias,
E escuta o silêncio que passa em brasa,
Entre as cores pálidas das melancolias.
Seus sonhos são vastos como o mar sem fim,
Onde nada é chão, e tudo é corrente;
Anseia por versos que nasçam assim,
Livres, voando em seu próprio presente.
Quer transformar as dores em poesia,
As noites sem lua em promessas de amor;
Vê no ordinário uma doce magia,
E nas sombras, traços de um céu de esplendor.
Por isso, caminha sozinho e inquieto,
Buscando beleza onde poucos a veem,
Tecendo em palavras seu rumo discreto,
E amando o mundo que seus versos têm.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense