Sei que por mal não foi ou é
Mas quem nos ama nem sempre aceita
Que não voltaremos a estar de pé
Numa dor residente sempre à espreita
Ninguém quer encarar a realidade que dói
Pois é custoso ver sofrer quem amamos
Já não se volta a ser o que se foi
Custoso explicar por quem olhamos
E então afasta-mo-nos “sem razão”
Num isolamento que melhor nos compreende
Abandonados p’la incompreensão
E o que dizem já não nos surpreende
A cair de cama em certos dias
E o diagnóstico chega assim
Fazes de tudo para lidar com as agonias
Mas a família diz que tem que ter fim
Sem nada saberem desta mente escassa
Pois há uma vida de pressa e labuta
Dizendo apenas “isso passa”
Esquecendo este animal que sofre em luta
Dornelas, Mini-mesa
António Botelho