Num dia de domingo o tempo passava triste como o bacalhau dos pobres,
Havia os homens de soluções encardidas que em vez de falar optavam por estranhos sinais
Com os sobrolhos unidos,
O sofrimento das esposas era uma figura disforme e sem pernas que caminhava pelos
Intervalos da chuva sem cor que o céu vomitava,
E depois os pequenos,
Os sorrisos de ouro e transparências escritas em inocências
que saltitavam pelas poças douradas de lama,
Num dia de domingo somos tudo isto e nada ao mesmo tempo,
Só querendo se volta a este andar para o lado como o caranguejo,
Em que o tempo flui,
Mais doce,
Mas menos timidamente infeliz do que no resto dos sítios em que existem
Domingos de manhã,
Neste, como noutros dias,
Só se olha pelos segundos disformes que faltam para que o tempo passe a ponte
Vagarosa que o torna velho,
Num dia de domingo,
Escreve-se assim porque ontem foi o resto da vida do
universo que vai morrer alegre….