por onde plantas os passos descalços?
será na espuma da lezíria cansada
ou na seara curativa que ainda resume?
por onde derramas os braços em arcos?
Será num tronco caído desbotado de culpa
ou numa rotunda de peito alfaiate vindouro?
por onde faíscas as pupilas minguantes?
será para a orla de distâncias dispersas
ou para a lente precavida de sonho urgente?
por onde insuflas de lábios de ambu?
será numa morgue de beiços criogenados
ou na carne de um beijo esculpido em refluxo?
por onde tacteias com mãos afluentes?
será nas areias desfeitas de molde
ou na febre de um pensamento encarnado?
por onde desfolhas as portas do céu?
será pelo limite de um mar recuado
ou na espera bocal ao poema tsunami?
por onde preferes o orgasmo das palavras?
no papel?
no peito?
ou na cama?
13-11-2024