Há um silêncio que pesa no ar,
Um vazio que ecoa na sala vazia.
O relógio, com seu tique-taque a lembrar,
Parece zombar dessa longa monotonia.
A janela emoldura o mesmo cenário,
O céu cinzento, a rua deserta.
O tempo se arrasta, num tom ordinário,
E o dia se desfaz, como poeira incerta.
Os móveis guardam memórias antigas,
Vozes perdidas em outra estação.
Mas hoje, tudo é sombra e fadiga,
Uma dança lenta nessa triste solidão.
Tento buscar em livros, em canções,
Algo que afaste esse peso no peito,
Mas o vazio, em suas proporções,
Preenche o espaço e tudo é desfeito.
Dias comuns são sempre assim,
Uma angústia que permeia o coração.
Como se tudo não mostrasse o fim,
Do amor que estava naquela canção.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense