O grito amarelo espreguiçado no chão concubino
Que se dava aos passos dessas letras alvinegras
Ejaculadas contra uns peitos cravejados de balas
Sumia-se num olhar pardo e prostituto de ar fino
Que sorridente gargalhava por infringir as regras
As tais que o faziam mendigar nas comuns valas
Um humor negro morto por ter laivos de racismo
Passeava-se-me nas mãos tisnadas por rancores
Bailava impropérios nesse sabor verde de inveja
Soletrava cada um de nós em tom de narcisismo
Despia-nos os sentimentos de anónimos amores
E da sepultura renascia-nos o ser que nos alveja
O dia seguinte fez-se alviceleste enfeitado de nós
Sem áureas estrelas a brilhar nestas rubras faces
Ou breves fados vendados de livros ainda por ler
O grito amarelo ouvia-o escarlate quase sem voz
Lá longe nesse infinito perdido nas horas fugaces
E ecoava na loucura do poeta que não queria ser
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma