Preso às negras regras farei luto,
Aos que não jazem mas vivem já mortos?
Vida não é, a desses pobres tortos,
Em corpo desalmado e irresoluto...
Não há onde encomende, são absortos
Os deuses, prostrados ao seu produto,
Num céu descrente, invés de tom hirsuto
E a promulgar unânimes abortos...
Onde porei as flores, sem jazigo?
Como queimar os círios, sem umbigo
Nesses que vivos morrem sem morada?
Se nem os deuses dão, céu ou castigo,
Assim deles também me desobrigo!
Quem morto é... por certo não quer nada!
04-11-2024