Sou um fascista ordinário que nasceu demente
Alimentado pelo sangue que escorre na calçada
Feito negro nas pedras que piso com desdenho
Das mãos e face enrugada da tristeza evidente
Dos sonhos degolados d'uma criança enterrada
Vil tempestade a morrer nesta fome que tenho
Sou aquele que sorri disfarçado de democracia
Que deu toda a nudez por não teres mais nada
E o pardo céu que esconde um sol nascido meu
De fato chique cosido por esse suor do dia a dia
Pão gourmet na mesa qu'esta malta ainda paga
Caixão pobre desta nação que por mim morreu
Sou nada que valha a pena no infeliz caminho
Dogma, lei, regra, arma, bala perdida no peito
Esquecimento de ser e morte sem outra sorte
Poema proibido, verso sem cor e sem carinho
Muro alto inconcebível feito de medo e defeito
Nada que valha a pena, nada que me importe
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma