só dou tiros de culatra
para nascer-me de novo
por estas balas de prata
que soltam a ave do ovo
só dou tiros na têmpora
para abalar o universo
não sou o vazio da ânfora
mas o cartucho do verso
só dou tiros à janela
que assim acordo a manhã
a fina flor à lapela
é voo de papel amanhã
só dou tiros sem medo
que morto já estarei
quando se abrir o segredo
dos tiros que sempre me dei
só não dou tiros no pé
outros os dão sem saber
com armas que matam a fé
a minha faz renascer
30-10-2024