pa(i)ra onde quiseres
olha em redor
e na ausência de esqueletos
atravessa a rua direita
apenas pelos brancos da zebra
deixa as pernas mortas atrás
(elas que caminhem sós!)
para que também morras delas...
do outro lado
paras no primeiro hidrante
e com os braços compridos de fibra
arranca-o do chão calejado
deixa que a água jorre possante
até que lave todas as cascas de banana
todas as pedras descalçadas
todos os ossos enlatados
logo que sintas a ânsia de elevar o tom
é hora de chamar os bombeiros involuntários
para que estanquem a água dissidente
depois enlaças o astro no peito
e rodopias até que tudo esteja enxuto
e aí, sim
- apenas aí!
poderás escrever um poema futurista
de champanhe a borbulhar
28-10-2024